terça-feira, junho 30, 2020

DESTERRO

A calçada nos ardia de um sol que flamejante varria das correntes aos portões de ferro a sorte nos bastava, da agonia... Bajulavam, pobres mulatos os negro do desterro, os descalços esfomeados, os bravos ferreiros os falsos, o mito... os novatos os pardos guerreiros - Cortem os batuque da ralé! Avisados. Corriam da boca do fogo carregados nos couros, seus fáticos zelos riscados nos braços o traço de povo calados à noite que jazia, aos fingidos, um apelo! Dos escuros aos filhos de Maria E, dentre eles o cego Quem por tolo nos desconheceria O verso, a verba, o verbo A calçada de pedras da burguesia O futuro incerto, a busca da vida O olhar das plantas sobre a abonança De outro paço, de outas ruas Descem do bonde, bainhas italianas. da nova calçada! Atiram pedras na freguesia. DESTERRO erhi Araujo

terça-feira, junho 23, 2020

São João do Cacumbi

Olha do céu meu São João Veja como aqui és bem-vindo o nordeste provém a terra, em sua nação Vê como o povo de fé, vem seguindo Meu São João, eu não durmo, não Que aos pouco tu vens cerzindo No azul dessa noite, um balão Pra ver como ele está lindo Me ponho em ti numa oração... Sinto o seu manto cobrindo O céu como mais uma lição em fogo e luz, de alegria tinindo A festa que incendiou o coração uma noite não é nada para todos, os juninos lá fora fogueira... queima toda a ilusão. É São Pedro, São João e Santo Antonio, os meninos! Foi... numa noite igual em festa Que o arrasta-pé lá no terreiro Quando olhei pro céu, vi o que nos empresta puxando o fole, a quadrilha e o sanfoneiro Este é meu São João... meu São João... com minha fé e meu rojão Este é meu São João, meu São João Minha fogueira tá, na tua mão... São João do Cacumbi erhi Araujo

terça-feira, junho 16, 2020

OCASO DO AMAR

Quando o amor for embora O que levo, é tudo, esperança Pouco a mais não cabe na sacola Na última hora ou por fiança Pois, não restará qualquer herança. Um passado coalhado de mudanças Só... o serei encontrado Quando todo o pesar for varrido Em mar aberto, vivido e amado No canto sereno, do coração que me der ouvidos! De pétalas caídas no fusco veneno Malha a frio os olhos vermelhos, mal dormidos Véu da noite embrulha o laço terreno Cacos espalhados, ainda que doa a lembrança Os erros, as paixões no silêncio interrompido. Quando dançar valsa, o beijo é uma dívida Quando der graças, é o desejo, uma vida! OCASO DO AMAR erhi Araujo