quinta-feira, junho 17, 2010

Crase

colhi!
nesta flor é semelhante à que lhe dei
escolhi, mas
se, não irei à festa
obedecerei
às suas ordens, às avessas
voltarei!
mesmo às pressas,
não como cheguei!
arrisquei-me às vésperas
nem dormi nem deitei
sequer um braço a encostei
à janela desenhara seu rosto
e senti teu gosto,
e senti!
senti seus as.


Crase
erhi Araújo

quarta-feira, junho 16, 2010

Sobre as medidas

O operário
a contramão, o ordinário
a combustão
o naufrágio dentro do ginásio
a celebração!
a crença na diferença
o cubo de gelo, o novelo
o barro vermelho,
o mau-olhado
a devoção!
o estampido, o telhado
o ruído nas pedras
em timbres elétricos
a guarnição...
o enérgico
o estético peso de ouro
a regra sem pretexto
a montanha, o couro e o contexto
à sua imaginação!
aliança, verdades e fiança
tolos segredos à janela
sopras na rua com cautela
a sua embarcação!
o entender, o beber, o fazer
a panela, a tigela, o prazer
o acordo, a colher de comer o verbo
o certo ou o errado
sem direção!
nada, nada, nada...
nada pesa sobre as águas!


Sobre as medidas
erhi Araújo

terça-feira, junho 15, 2010

Tais costados

Punições
dentes e armas leves, calçado
o vento e a cruviana...
Deus seja louvado!

Multidões
em suma breve, trocados
nhá Salustiana,
deito dorso dourado!

Sertões
em vida agreste, o costado
sintética umburana
mais puro laço, debruçado!

Munições
entre tábuas que reges o emanado
entre as rinhas suburbanas
muros e dardos, afivelados!

Aparições
finas réguas de leques, encouraçados
à luz meridiana
ferros e pregos enferrujados!

Maldições
Em que pese esse ditado
velas, combalidas puritanas
só buchichos e apertos, sussurrados!


Tais costados
erhi Araújo

Zeladores da terra

A natureza das series humanas
e a pureza dos seres animais...

dos carros, dos aviões, dos amores
das raízes, das plantas, dos computadores
das cercas ao redor do umbigo
das águas que desperdiçamos, nem digo!
A nobreza das series humanas
e a destreza dos seres animais...

dos rios, das serras, dos mares
das chuvas que afogam os lares
dos morros aos quais derrapamos
das terras que ainda não aramos!
A frieza das series humanas
e a alteza dos seres animais...

do lixo que dispomos ao lado
do ar que nem cheira refrigerado
dos pássaros que rompem a neblina
entre uma cálida caldeira e a fumaça da usina!
A presteza das series humanas
e a crueza dos seres animais...

no barro que se conspira
no aço ao calor da ira
das faunas planetárias
ou das fontes orçamentárias!
A tristeza das series humanas
e a pobreza dos seres animais...

nas juntas de bois os falsos sertões
nas sujas panelas, poucos feijões
do eldorado a boa mão, irrigada
nos mercados, bolsões de quase nada!
A certeza das series humanas
e a riqueza dos seres animais...

Áreas verdes e a flora em temporada
mói a cana e sai à beira da estrada
muita gente depõe sem dizer nada
se a palavra, a pedra, o latim e o trem na disparada!
A clareza das series humanas
e a firmeza dos seres animais...

A natureza das series humanas
e a pureza dos seres animais...


Zeladores da terra
erhi Araújo

segunda-feira, junho 14, 2010

Códigos do outono

Sal, açúcar... pigarros
verbos transtornados
ocasos de mau gosto, refinados

Erguem-se à beira do abismo
alvos mortais, aforismos
das velhas almas, úmidas canduras
a derrama pôs ávidas doçuras

Sem sentidos, sem todos os mastros
entre os parênteses... seus atos
emproam-lhe a luz, ateus imediatos

Um olho ri e outro no pátio
o teatro... a comida sem pastos
entre os cães feridos, amordaçados
uma sala de luxo, um cinema, um hiato!


Códigos do outono
erhi Araújo

terça-feira, junho 01, 2010

Dístico

Um dia...
Dois enamorados
Um a sós
Dois divididos beijos
Um resfriado
Um novo
Dois fantasiados
Um reclame
Um motivado
Dois sentenciados
Um pranto à messe
Dois tantos revirados
Um manto, uma rede
Dois turvos
Uma fora da sede
Dois pentes
Uma fonte, a parede
Uma querência
Dois variados
Duas palavras e sem autores
Uma escola, uma folha
Dois na escória
Um... sem pudores
Dois na mesma fonte
Um quase defronte
Dois por dois perversos
Um por si, outro que rompe!

Dístico
erhi Araújo