terça-feira, junho 09, 2020

Elixir

Me faço contentar com o que tenho Não me faço reclamar, Por isso venho agradecido. Nos versos investidos Grato, à missão empenho... Me faço de outrem a declamar sem exigir nada em troca Escolhi, passar a porta Só me faço acreditar Me faço contentar com o que vejo Não me faço por aproveitar me ponho a conter tolos desejos Nos lenços umedecidos O traço, por gratidão... Me faço alguém ao despertar Deste elixir, um nada à prova agradeci ao soltar a corda dando-lhe graças me faço cantar! ELIXIR erhi Araujo

sexta-feira, junho 05, 2020

JARDIM EXÓTICO

Uma flor, uma savana, uma bruxa uma árvore, um leito, uma murta um índio, um galho, uma glória uma folha, um rio, uma ferida um pássaro, uma seca, uma memória. Um cedro, uma larva... uma estória uma lavra, um casco, um carvão uma casa, uma aorta inflamada um palácio, uma porta, um pão um olhar erótico, uma fome, um gavião. Um próximo, uma formiga, um tendão um largo, uma vigília, uma vitória Uma artéria, uma estrada, um avião Uma vitrine, um ninho, uma platinada um laço, uma várzea, uma história. Um dorso, uma cláusula salvatória uma banda, uma barca, uma roda um bando, uma cor, úmida crosta uma lembrança, uma face, uma dor um decalque, um nome, uma lança. Uma flor, uma farsa, uma esperança um amor... um perfume, uma herança uma pasta, uma plástica, um corredor um vento, uma pétala, um sol uma rosa, um tempo, um dito... Uma cruz, um raio, um escrito Um sobrado, um arado, um nariz Uma tinta, uma taça, uma matriz Um veio, um indigente, uma fumaça Uma íngua, uma cachaça, uma língua. Uma caça, uma pirraça, um meio à míngua Uma seiva, uma mata, um solvente Um bafo, uma palma, um indulgente Uma tábua, um périplo, um trato Uma aldeia, um jardim , um carbono. Uma oca, um pajé, um sono um manhaná, um poder, um existir uma nação, uma canção, um guarani um Iguaçu, uma fauna, um baião uma Ibotirama, um saci, um abajá... Uma vez, uma réstia, um cocar um riscado, um colado... um ninguém um quero-quero, um lavrador, um vintém uma gaiola aberta, um cipó, um bem-te-vi... um pataxó, uma floresta, um beija-flor! JARDIM EXÓTICO erhi Araujo

terça-feira, junho 02, 2020

DOCES LÁBIOS

Mal me sentei ao piano à espera,
alguém ouviria senti tocar
os seus mambos que soavam como sinfonia...
Mal me quer ao piano de ébano,

chegará a alforria servido a olho,
o insano que pelo jazz trocaria
Mal encostei ao piano sem teclas, s
ó gritarias traz...

Bolhas ao mesmo engano nas pretas,
nas melodias... Mal arranjei ao piano Uma voz que não se ouvia A corda solta no entanto, Dançava o que não tocaria Mal me afastei do piano Piedade em si, voltaria À solta em azul bem ufano, Crueldade e amor, susteria! Solo... e em terrenos profanos que canto enfim, destilarias DOCES LÁBIOS erhi Araujo