terça-feira, outubro 13, 2020

LENTE II

Ao despir-se em naufrágio

Ao ouvir-se entre as ondas... teu silêncio, tal como areia

Corre a boca, no mar adentra

O vento te sopra apagando a candeia

...

Ao tingir desumana, a conduta

quem espera caminhos e, espinhos audazes

apavorados, pôs-se  ao incêndio

num barco de flores, sem pudores ou saudades.

...

Quer por sempre tão caras

Minhas figas em validades, disse-me assim!

Duram dias e horas, essas folhas amargas.

Lavram primavera e noites sem fim.

 

Quer botar mãos ao leme, de punho operário

Ao sentir tuas dores, que sem rumo vadeia

Colhe esse ramo de flor que do peito rebenta

Oferta o seu perfume se a dor te rodeia!

 

LENTE II

erhi Araújo

 

terça-feira, outubro 06, 2020

DOS ANIMAIS



Todos os gatos são iguais
Neles há beleza de origem
Onde direitos, naturais e felinos
Se descartam juízos finais
Todos os cães são iguais
Destes... a presteza e coragem
Seguem seus pelos caninos
Vigiam como policiais...
Todos os pássaros são iguais
Voam e nele a sua pelugem
Iluminando os olhos de menino
Revela-nos todos os céus por detrás
Todos os peixes são iguais
Sob as suas aguas, a miragem
Rios, mares, lagos concertinos
Do espelho d’água aos postais...
 
 
DOS ANIMAIS
 
erhi Araujo

terça-feira, setembro 29, 2020

VERSÍCULO DO FLORISTA



 

Assim excita-se o poeta:

Um verbo florear sobre a cidade

sê novo, indiferente a cor...

outrossim,  dessemelhantes

descoloridos, por desprezo

violados, de tolo ensejos

insípidos, primaveris em sê-lo

a única mão cheia de flor!

 

VERSÍCULO DO FLORISTA

erhi Araujo