quarta-feira, julho 15, 2020
FADO
Dou-me
Ouvidos para ouvir
os ventos e sonhar,
mãos para escrever teu nome
no alto, no céu vê brilhar...
Toma-me, puro como água
substancia lírica, indolor
qual tua presença signa
faça insólito o exterior
e, digno calor da espera...
busca-te, meu corpo com vigor
a lua cheia presente, sincera
de voltas ao amanhecer!
FADO
erhi Araujo
terça-feira, julho 07, 2020
DUETOS
Essa marca de azul é tão vil
Com a mesma força que cria
No baixo ventre o varonil
Diz coragem às tontas alegrias!
É um fruto que come a esperança
Semelhança de natureza servil
Predatória e infames de lanças
Seu delírio é o insone canil
Veleidades a propor agonias
Infundo a nau brasil
Duo lácio, paióis em alegorias
Verás imundos assim por mais de mil
O fiel retorcido e arrogante
Decadência para todos e um cantil
Sem futuro e o mais importante
é saber que a decência aboliu.
se depuro, o mais humilhante
sujo a essência de todo saber
candeia, não acende mais a luz vibrante
nem a querência... nos faz acontecer!
DUETOS
erhi Araujo
terça-feira, junho 30, 2020
DESTERRO
A calçada nos ardia
de um sol que flamejante varria
das correntes aos portões de ferro
a sorte nos bastava, da agonia...
Bajulavam, pobres mulatos
os negro do desterro, os descalços
esfomeados, os bravos ferreiros
os falsos, o mito... os novatos
os pardos guerreiros
- Cortem os batuque da ralé! Avisados.
Corriam da boca do fogo
carregados nos couros, seus fáticos zelos
riscados nos braços o traço de povo
calados à noite que jazia,
aos fingidos, um apelo!
Dos escuros aos filhos de Maria
E, dentre eles o cego
Quem por tolo nos desconheceria
O verso, a verba, o verbo
A calçada de pedras da burguesia
O futuro incerto, a busca da vida
O olhar das plantas sobre a abonança
De outro paço, de outas ruas
Descem do bonde, bainhas italianas.
da nova calçada!
Atiram pedras na freguesia.
DESTERRO
erhi Araujo
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