sexta-feira, junho 05, 2020
JARDIM EXÓTICO
Uma flor, uma savana, uma bruxa
uma árvore, um leito, uma murta
um índio, um galho, uma glória
uma folha, um rio, uma ferida
um pássaro, uma seca, uma memória.
Um cedro, uma larva... uma estória
uma lavra, um casco, um carvão
uma casa, uma aorta inflamada
um palácio, uma porta, um pão
um olhar erótico, uma fome, um gavião.
Um próximo, uma formiga, um tendão
um largo, uma vigília, uma vitória
Uma artéria, uma estrada, um avião
Uma vitrine, um ninho, uma platinada
um laço, uma várzea, uma história.
Um dorso, uma cláusula salvatória
uma banda, uma barca, uma roda
um bando, uma cor, úmida crosta
uma lembrança, uma face, uma dor
um decalque, um nome, uma lança.
Uma flor, uma farsa, uma esperança
um amor... um perfume, uma herança
uma pasta, uma plástica, um corredor
um vento, uma pétala, um sol
uma rosa, um tempo, um dito...
Uma cruz, um raio, um escrito
Um sobrado, um arado, um nariz
Uma tinta, uma taça, uma matriz
Um veio, um indigente, uma fumaça
Uma íngua, uma cachaça, uma língua.
Uma caça, uma pirraça, um meio à míngua
Uma seiva, uma mata, um solvente
Um bafo, uma palma, um indulgente
Uma tábua, um périplo, um trato
Uma aldeia, um jardim , um carbono.
Uma oca, um pajé, um sono
um manhaná, um poder, um existir
uma nação, uma canção, um guarani
um Iguaçu, uma fauna, um baião
uma Ibotirama, um saci, um abajá...
Uma vez, uma réstia, um cocar
um riscado, um colado... um ninguém
um quero-quero, um lavrador, um vintém
uma gaiola aberta, um cipó, um bem-te-vi...
um pataxó, uma floresta, um beija-flor!
JARDIM EXÓTICO
erhi Araujo
terça-feira, junho 02, 2020
DOCES LÁBIOS
Mal me sentei ao piano
à espera,
alguém ouviria
senti tocar
os seus mambos
que soavam como sinfonia...
Mal me quer ao piano
de ébano,
chegará a alforria
servido a olho,
o insano
que pelo jazz trocaria
Mal encostei ao piano
sem teclas, s
ó gritarias
traz...
Bolhas ao mesmo engano
nas pretas,
nas melodias...
Mal arranjei ao piano
Uma voz que não se ouvia
A corda solta no entanto,
Dançava o que não tocaria
Mal me afastei do piano
Piedade em si, voltaria
À solta em azul bem ufano,
Crueldade e amor, susteria!
Solo... e em terrenos profanos
que canto enfim, destilarias
DOCES LÁBIOS
erhi Araujo
AQUARELA
Cheia de traças esquisitas
Vê a coragem dela tirar
daquela força e maldita
nas
pernas, assertivas quebrar
Vênus de púrpuras favelas...
Cuida-te melhor neste
lugar
doce assim... será mais bela
que nostra vida pode mostrar!
Abre-te para
todas as janelas
deixa a boa luz penetrar
faz brotar essa flor na lapela
Dignidade! cá entre nós vai batucar
Tudo começa e termina, antes ou depois do
carnaval...
quem samba no fundo, na panela
aqui faz a raiz desse nosso quintal
na cor a luz tem sombras em aquarela!
Apresente a todos tuas cores e amasse
jogue nas águas, pra desfilar na passarela!
AQUARELA
erhi Araujo
Assinar:
Postagens (Atom)