Agora você não precisa imaginar mais
A Anna rosa de Hiroshima
mulher exótica que contamina
a costa azul, a vista bela
que o mar e o lago faz sentinela
na terra em transe
água quente, água fria, água mole, água dura
água corre... sem rio sem ter bacia
agora você não precisa imaginar mais...
quem nos dá o que comer
quem nos dá o que beber ( água de beber camará!)
o caminho só poeira
que caminho, que viagem
sem roda, secas vidas da estiagem
água quente, água fria, água mole, água dura
água escorre... sem rio sem ter bacia
agora você não precisa imaginar mais
num fio d’água, fonte e lagoa
aglomerados, palafitas, dó e canoa
gente a nascer
desnutrição, num forte laço
lixo, despachos e todo inchaço...
água quente, água fria, água mole, água dura
água morre... sem rio sem ter bacia
agora você não precisa imaginar mais
a maresia do ó sem piedade
o leito um só, necessidade
rio abaixo, seus afluentes ou lago acima
água ansiosa de queres servil
fala a vaidade! Não tem mais rio!
agora você não precisa imaginar mais
A Anna rosa de Hiroshima
mulher exótica que contamina
a costa azul, a vista bela
que o mar e o lago faz sentinela
na terra em transe...
água quente, água fria, água mole, água dura
água escorre... sem rio sem ter bacia
água quente água, água fria mágoa, água um gole cura
água branca água, doce água boa, água que chove pura
só um lugar assim
limpo e debaixo d’água
posso dizer enfim, salve todas as águas!
santas e purificadas...
água quente, água fria, água mole, água dura
aguardente, água de pote, águas que lavam as dentaduras
água benta, que desce a pia, água das almas
sem afluentes, sem cortesias
água que vertem, os olhos d’agua
o rio das moças, sem ter bacia
Enchentes
erhi Araújo