quarta-feira, junho 18, 2008

Um talho

Se mais tarde
uma palavra distrair
e seguir atalhos
vê o dia ao cair
da pele nua em frangalho,
depôs da carne fria, os retalhos
vir além dos próprios olhos...
a messe, a grua, a luz!

Um talho
erhi Araújo

terça-feira, junho 17, 2008

Promessas

No mar
distante dos olhos negros
recortava-nos curvos, frios
caminhos de areias e veredas nos canaviais
das palmas a lida de seus fiéis
a vida, que vi deste tempo sem mãos
pedia-nos contrito, sem olhar, submissos...
a pena, de ouvir sem contemplar
orações, implorações daqueles dias
por isto! desamparado, indigitado
de tão estranho espetáculo
num instante, o fim...
resta-nos a moeda luzidia, redonda
e o que nos há de custar!

Promessas
erhi Araújo

quinta-feira, junho 12, 2008

Tábua


Enegreci!
o sal da escravatura
ao cair pondo sol a toda urbanidade
que julgara mestra qualidade,
preto, velho em tanta agrura
fez ardor, fez saudade...
do azul do mar aos céus
raios, estrelas, tempestades
durante a travessia
da infância mágica ou da casa que vivia
nunca vir essa aurora,
nem flores, nem laços, verdades
dos tontos anos e cruas horas
pá de cal, sepultura...
dádiva senhora.

Tábua
erhi Araújo