quarta-feira, abril 02, 2008

As folhas

O amor fala...
que tens a perder
numa folha, até numa linha
num livro pode caber.

Possas sãos versos
se curto, escrever
não importa!
o tempo, o tema, as horas...
um poema como você

Há que se deixar
escutar, descobrir ou quem sabe, crer
faz, úmida verdade
sem querer, sem dizer
traz consigo a saudade!..

deste amor, quem te fala
rasgas os céus pra viver
como bolhas sobre o orvalho, as vinhas
canta, o lírico...
que os meus hão de ser

Prosas num verbo
o rústico prover
das folhas dispostas
ao vento, um lenço, as sobras
um dilema...um torcer

O que amar...
ensinar, sorri e quem sabe, escrever
buscar sem vaidades
e merecer e, conviver
paz, carinhos e saudades!


As folhas

erhi Araújo

segunda-feira, março 03, 2008

Meia-hora

Pudestes se num momento

quem soubesses, o tormento

o vagar, o correr desse olhar

se coubesse radiante,

dos ensaios que doravante

iluminados, adormecidos

enfraquecidos, pequeninos por instantes...

sem calor, sem espaço

a madrugada de pavor

um passo...

desencontros, quanto sou?

me permites,

colher na aurora

orvalho, sonhos e elos

tão juntinhos, paralelos

uma via, um desejo e a vista

vão-se embora...

toda à luz

generosa, prateada quase ouro!

não me vês...

amarelo.


erhi Araújo

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Balaios


É dia
teus olhares, o ouro
nos colares, meu couro
lendas dos moços que sopram os coqueirais.

Em arrobas, outras moedas
sinceridades quietas,
tantas cinzas na gema-festa
flora tal se fevereiro...
teu anel, sois fiscal de terreiros.

É dia...
dos riso incautos, dos deleites
dos leitos cruzados
das feira, das fontes
das bolsas, dos rios sob as pontes
dos mil-réis insanos
dos pés dependentes, dos decanos
quem coroa a razão alimentícia
cooperativa, sexual ou mística
da lúdica, vaidade pública, milícia
das roda-saias, na renda bruta mensal...
delícia!

Balaios
erhi Araújo - REVÔO, coletânia de Versos & textos, Art-Contemp- Salvador . Bahia 1994