sábado, agosto 18, 2012

Pedra que descanso

   
A caminho, silencio
O olhar  profundo, transparente
Em plena lua,
Corro, passo e chego à sede
Bebo dessa água fria, sua
Que por certo amolece a gente
Amassado como o barro
Minha vez de argila, beira o rio
A terra seca, o torrão, a rua...
O pigarro, o chão de esparro
Um fio de rede , a avidez, o cio
O melhor dos mundos
A tábua, o coração...
em tantas desiguais certezas
Debruçadas no murro
as troças, as cercas, o consumo
o falso, o contente... a ponte
nos aproximam,   indolente
feito água corrente
um, a outro do lado!

Pedra que descanso
                                     erhi Araújo

segunda-feira, julho 23, 2012

Última hora




A flor das neves

À úmida mão cheirosa

Risca todos os sapatos,

O azul pálido,  furado

As sandálias de tiras de couro, jeitosas

De plásticos desenhados

Partes da infância sobre saltos...

E fins mágicos de semanas

Friozinhos... calores...

Escalou corredores,

Entre os pés e as mãos

Correu comércio, lavrou quintais...

Ah! Essa flor quem nos atreve

Filha, desejada das neves!

Em cada menina que passava

Na prateada se endireita

Andando pela contramão

Arrastou em solas vermelhas

Beliscando o coração

Por fascínio ou ambição

Tarda o perfume que te assemelha

da mulher a que se dera,

reclusa ao fruto e por fim... a paixão!



Última hora
                                       erhi Araújo

quinta-feira, julho 05, 2012

Odisseia





Caminhas sobre nuvens
troca seu passos!
os que você criou...
Voas sob asas
as mesmas que você cortou
Sê tarde...
vê! madrugada
repartes cinzentas,
úmidas, novas... prateadas,
regram  as noites
a que afugentas?
um almoço no parque
suor e língua, avermelha
a  escrita apagada
uma leitura inventada
como se faz em decalque!
Meio grau de vidências
meio... ao meio, cais
sombras, experiência
- enigmas!
Não vê...
fontes nem passagens
desse mundo o preito
o primitivo,
o inocente vivo
e outros sujeitos
pagam açoites,
perdem passagens.


Odisseia
                            erhi Araújo